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O acidente fatal no Anel Viário de São José dos Campos que vitimou Claudeci Dias da Silva Alves, de 41 anos, vai além de uma tragédia pessoal. Ele escancara problemas graves de fiscalização e a recorrente sensação de impunidade que assola o sistema de justiça brasileiro. Claudeci morreu após o carro em que estava ser atingido por um Jeep Renegade conduzido por Delio Moura Morais, de 43 anos, que, segundo o boletim de ocorrência, dirigia sob os efeitos de substâncias entorpecentes e havia furtado o veículo de sua ex-companheira.
O caso revela, mais uma vez, as fragilidades do sistema de proteção a vítimas de violência doméstica. Delio, que tinha uma medida protetiva contra ele, estava em posse do carro de sua ex-parceira, expondo o fracasso das autoridades em garantir a segurança da mulher que buscava proteção. Isso reflete um ciclo de violência e desrespeito às ordens judiciais que, infelizmente, culminam em tragédias. O fato de Delio ter fugido da residência com o veículo, mesmo com histórico de consumo de álcool e drogas, evidencia que medidas protetivas, por si só, são insuficientes sem fiscalização eficaz.
Outro ponto preocupante é o enquadramento do crime como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Embora o teste do bafômetro tenha dado negativo, a condução imprudente e o histórico de uso de substâncias tóxicas indicam que o motorista estava em condições extremamente perigosas. Classificar o crime como culposo, em vez de doloso (com dolo eventual), pode abrir caminho para penas mais brandas e reforçar a sensação de impunidade em casos que deveriam ser tratados com mais rigor.
A tragédia que vitimou Claudeci e feriu seu marido, Clodoaldo Barbosa Alves, não é apenas resultado de um acidente. É o reflexo de um sistema que falha em proteger vítimas, que permite que infratores reincidentes continuem ameaçando vidas e que trata crimes graves com uma condescendência perigosa. A dor da família, que agora clama por justiça, é agravada pela indignação e pelo temor de que, mais uma vez, a punição não seja proporcional à gravidade dos atos.
É hora de repensar a forma como tratamos a impunidade e a reincidência em casos de violência e imprudência no trânsito, para que tragédias como essa deixem de ser um capítulo recorrente nas manchetes do país.