A desistência do investidor brasileiro que negociava a compra da Avibras, indústria bélica sediada em Jacareí, escancara a gravidade da crise financeira enfrentada pela empresa e o descaso com os trabalhadores. Após 45 dias de negociações, a justificativa apresentada pelo grupo de investidores – a não realização de condições contratuais essenciais – soa como mais um capítulo de promessas não cumpridas e expectativas frustradas.
A situação da Avibras é crítica: os funcionários estão sem salários há 20 meses, sem FGTS ou INSS, e seguem em greve. A suspensão do acordo de exclusividade coloca a empresa em uma corrida contra o tempo para encontrar um novo investidor, enquanto seus colaboradores permanecem à mercê de um futuro incerto.
O Sindicato que representa os trabalhadores da empresa, classificou a desistência como “lamentável” e criticou as falsas esperanças geradas tanto pela Avibras quanto pelo investidor, que se manteve no anonimato. Para os trabalhadores, a frustração é ainda maior diante do descaso contínuo, com dívidas trabalhistas ignoradas e uma total ausência de soluções concretas.
A Avibras, por sua vez, afirmou ter sido “surpreendida” pela desistência, mas a surpresa maior recai sobre os trabalhadores, que continuam a sofrer com as consequências de uma gestão ineficiente e a negligência com seus direitos básicos.
Essa crise é um retrato da fragilidade de empresas estratégicas do setor bélico no Brasil, que, apesar de sua importância econômica e de defesa, enfrentam problemas estruturais e financeiros. Sem uma solução imediata, a Avibras corre o risco de um colapso irreversível, com impactos devastadores para a economia local e para os trabalhadores que ainda resistem em meio ao caos.